30 de agosto de
1.863
Vendedor: Antônio José Dias
Leite
Comprador: Thomaz Luiz Álvares
Fundador do bairro: Antônio José Leite Braga (10
de outubro de 1878).
Como se observa o vendedor da
Chácara era quase homônomo do fundador do bairro, assim considerado
porque doou o terreno à Santa Casa para construção de um hospital.
Ele grilou parte da Chácara do Bexiga, aproveitando-se inclusive de
sua condição de quase homônimo e omitiu a esta escritura.
Acrescente-se isso ao crescimento muito rápido de São Paulo na época e
Thomaz Luiz Álvares se achava muito velho, doente e cego e era cuidado
por suas duas escravas das quais era amásio.




1.850 - Mapa, onde aparece a Chácara do Bexiga, com o nome de Campos
do Bexiga. Aparece também o Tanque do Reúno, em cuja volta escravos
fugidos e aquilombados se escondiam.
FÓRUM DE MORADORES E S/
HISTÓRIA DO BIXIGA EM 04/11/2012
De: Célia Lucena.
CIDADE: São Paulo. ESTADO: SP.
PAÍS: Brasil.
PARA: Fórum de moradores e
s/História do Bixiga
Prezado Egydio,
Como está você?
Depois de tantos anos é uma satisfação retornar o contato com antigos amigos
do Bixiga.
Sou Célia Lucena, autora dos livros do Bexiga da década de 1980 (Bixiga,
amore mio e Bairro do Bexiga).
Estou re-escrevendo um texto que em breve será publicado, que receberá o
título de Bixiga Revisitado. Foi incentivado por alguns fiéis ao bairro. O
Bixiga é uma paixão antiga!
Achei muito instigante seu site sobre a escritura de 1863, da venda dos
campos do Bexiga para Thomas Cruz.
Pergunto a você: não foi encontrada nenhuma escritura da venda desse Thomás
para o Braga? O que leva a crer que Braga loteou uma área grilada?
Comente mais sobre isso. É muito curioso.
Aguardo sua resposta. Envie seu telefone, assim, poderemos conversar e
trocar algumas informações. Atenciosamente
Prezada Célia,
Esta cópia de escritura registra a venda da
Chácara do Bexiga
por Antônio José Dias
Leite para Thomaz Luiz Álvares, também conhecido
como Thomaz da Cruz.
Mas, Antônio José Leite Braga, foi quem
loteou parte da Chácara do Bexiga
e é considerado
fundador do bairro, porque
doou lotes de terreno para a Santa Casa
de Misericórdia e a pedra fundamental da construção do hospital foi lançada
por Dom Pedro II, que visitava São Paulo, pela terceira vez em 10
de outubro de 1878.
O terreno doado para construção do
hospital é o quadrilátero, hoje formado pelas ruas: Abolição, São Domingos,
Conselheiro Ramalho e Santo Antônio.
Ele grilou parte da Chácara do Bexiga, aproveitando-se inclusive de
sua condição de quase homônimo do antigo proprietário,
Antônio José Dias
Leite,
e fez ponte
sobre o verdadeiro proprietário
do terreno,
Thomaz Luiz Álvares,
omitindo a existência desta escritura.
Acrescente-se a esse fato o crescimento muito rápido de São Paulo na época e
Thomaz Luiz Álvares se achava muito velho, doente e cego e era cuidado
por suas duas escravas das quais era amásio. Isto tudo facilitou a
grilagem das terras.
Esta cópia de escritura, disponível na Internet em
http://www.ajorb.com.br/hb-1863-escritura-bexiga.htm ,
me foi entregue pelo advogado Auto Sena, que deu entrada no Fórum de
processo de inventário em nome do espólio de Thomaz Luiz Álvares, o qual não
teria vendido a Chácara do Bexiga para
Antônio José Leite Braga,
pois estava cego, velho e doente; suas amásias eram analfabetas e seus
filhos eram crianças de pouca idade. Afirmou na ocasião que se pode
constatar no Primeiro Cartório de Notas Aldo Neto Godinho, que não houve
venda da chácara e que ainda estava em nome de Thomaz da Cruz.
Na entrevista concedida por Auto Sena ao
Jornal da Bela Vista na década de 1980, ele também informa que Thomaz Luiz
Álvares era proprietário de muitas terras em São Paulo e todas foram
griladas por interessados. Ele cita inclusive um terreno no Cambuci, que é
ocupado pelo Exército.
Evidentemente a Justiça arquivou o processo de inventário, declarando que
estava prescrito. Auto Sena dizia que era injusto porque inventário, que tem
menores como herdeiros, não prescreve.
Porém, Leite Braga, com certeza grilou parte da Chácara do Bixiga, mas a bem
da verdade não foi o único, pois a Chácara iniciava na hoje Praça da
Bandeira e ia até a Rua Estados Unidos. Portanto, a maior parte dela também
foi grilada por outras pessoas.
Prezada Célia, são estas informações que tenho. Espero que tenha ajudado.
Abs.
Egydio Coelho da Silva
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