HISTÓRIA DO BAIRRO DO BIXIGA Egydio Coelho da Silva PÁG. 1984 Bixiga vai a Gianfrancesco Guarnieri EXM0. SR. GIANFRANCESCO GUARNIERI DD. SECRETÁRIO MUNICIPAL DA CULTURA DE SÃO PAULO Os abaixo-assinados, entidades representativas de moradores, empresários e de diversos outros segmentos sociais da Bela Vista e do Bixiga, vêm presença de V.Exa. expor e, em seguida, solicitar o seguinte: 1 - A retirada repentina, ha mais de 10 anos atrás dos bondes de São Paulo, sem que ficasse uma só linha em funcionamento, deixou, de certa forma a população de são Paulo frustrada, que viu uma das suas principais características e tradições desaparecer num processo violento contra sua memória; 2 - Como é de seu conhecimento, muitas cidades brasileiras ainda mantêm linha de bonde em circulação, não só como preservação de seus valores culturais, mas também como meio de transporte barato e pitoresco; 3 - A tradição dos bondinhos é mantida na Europa e quase todas as capitais e cidades importantes os conservam, complementando e convivendo com os transportes individuais, coletivos e de massa, ao lado, portanto, de automóveis, ônibus, metrô e trens; 4 - A mesma frustração de são Paulo, por "ter perdido o bonde", há também em algumas outras cidades brasileiras, como acontece com Santos, que, felizmente, o Prefeito daquela cidade anunciou recentemente sua intenção do fazer voltar a circulação do bondinho. Cabe salientar ainda que, na época da retirada dos bondes, o conceito era de que "o bonde atrapalhava o trânsito de automóveis", hoje, porém, o conceito é que o automóvel, que atrapalha o trânsito de ônibus e também atrapalhava o trânsito do bonde. 5 - No Bixiga, o antigo bondinho, que servia ao bairro era uma tradição e característico (a única linha de bonde, onde os moradores educadamente fa- ziam fila). E, para aumentar a tristeza dos moradores do Bixiga e Bela Vista, depois da retirada da linha de bonde, sequer foi instalada linha de ônibus, que viesse a servir o bairro e substituir o bonde. Assim sendo, é o presente abaixo-assinado para solicitar de V.Exa. estudos no sentido de ser reinstalada uma linha de bonde, que ligue o bairro a uma estação do metro. Esta linha terá por finalidade: 1º. - Atender a antiga reivindicação da Bela Vista de transporte coletivo, que realmente sirva ao bairro; 2° - Será evidentemente importante atração turística (e são Paulo precisa muito de atrações turísticas). E o Bixiga é indicado, porque é – sem dúvida nenhuma – é o bairro mais turístico de São Paulo, conhecido sobejamente em todo o Brasil e até no exterior. 3º. - e principalmente, RESGATARA A MEMÓRIA de São Paulo, que precisa ter funcionamento uma linha de bonde, não deixando morrer uma das mais importantes tradições de São Paulo. São Paulo, em 20 de maio de 1.984
1984 Release distribuído à imprensa paulistana e publicada no Jornal da Bela Vista em junho de 1.984
Ele faz questão de afirmar que não se
trata de idéia surgida depois do retorno do bonde a Santos; diz que em seu
jornal vem defendendo a idéia desde 1.978 e há alguns meses atrás entrevistou
o secretário da Cultura do Município de são Paulo, Gianfrancesco Guarnieri,
que se mostrou interessado em levar ao prefeito Mário Covas a sugestão,
principalmente como resgate da memória de são Paulo. Guarnieri, porém, disse
que levaria a sugestão ao prefeito somente se fosse realmente desejo do
bairro e para provar ao Secretário que o Bixiga quer o retorno do bonde a são
Paulo especificamente na Bela Vista foi feito um abaixo assinado (leia
acima), onde quase duas dezenas de entidades representativas de moradores,
empresários e de diversos outros segmentos sociais do bairro solicitam a
reimplantação de uma linha de bonde que ligue o Bixiga a uma estação do
metrô, provavelmente a Anhangabaú, que se localiza próxima a Praça das Bandeiras. A petição foi assinada pelas seguintes entidades e empresas: Jornal da Bela Vista, União do Bixiga, Sociedade Amigos do Bixiga e Bela Vista-SABB, Clube dos Lojistas e empresários do Bixiga, Paróquia Nossa Senhora de Aquiropita, Museu do Bixiga, Instituto João e Raphaela Passaláqua, Lions Clube São Paulo-Bela Vista, Sociedade são Vicente de Paula, Clube Recreativo Saracura-Bela Vista, Grêmio Recreativo Escola de Samba VAI-VAI, A.A. Lusitana, Diretórios Distritais do PMDB da Bela Vista, do PTB da Bela Vista e do PT da Bela Vista. |
Referências bibliográficas – deste livro
(1) Expressão muito usada por Pierre Monbeig (2) Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 16 (3) Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 16
(4) Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 40 (4) Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 15
(5) MENESES, Raimundo de – artigo na Folha da Noite de 07/03/1954 (6) Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- páginas 52/53.
(7) Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 39.
(8) BRUNO, Ernani Silva - Histórias e Tradições de São Paulo, vol. II. (9) Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 58
Referências bibliográficas - todas
1) Dicionário de História de São Paulo – Antônio Barreto do Amaral – Coleção Paulista; V.19 – 1.980 – Governo do Estado de São Paulo. 2) Câmara Municipal de São Paulo: 1560-1998: Quatro séculos de história/ Délio Freire dos Santos, José Eduardo Ramos Rodrigues. São Paulo: Imprensa Oficial, 1.998, página 70, páginas 67/68, obra citada de Mawe, John. 3) Idem, páginas 67, 68,69/70, obra citada de Zaluar, Augusto Emílio. 4) Idem, página 72, citação a Henrique Raffard, artigo publicado no Diário do Comércio do Rio de Janeiro. 5) Idem, páginas 70/71 6) Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 15 7) Idem, página 16. 8) Gilberto Kujawski (artigo no jornal O Estado de S. Paulo 30-05-2.002) 9) SAIA, Luís - "Fontes primárias para o estudo das habitações das vias de comunicação e dos aglomerados humanos em São Paulo no século XVI", lnst. De Adrninst. da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP, pág. 3 e 4. 10) TAUNAY, Afonso de E. - Non Ducor, Duco, pág. 211 11) BRUNO, Ernani Silva - Histórias e Tradições de São Paulo, vol. 1, pág. 205 12) NOGUEIRA, Almeida - Academia de São Paulo, Viii, pág. 128 13) FREITAS, Afonso A. de - "São Paulo no dia 7 de setembro de 1822", Rev. do lnstit. Hist. e Geog. de São Paulo, XXII, pág. 3 14) BRUNO, Ernani Silva - op. cit., vol, 1, pág. 96 15) PRADO, Paulo - Paulística, págs. 8 e 9 16) BRUNO, Ernani Silva - op. cit., vol, 1, pág. 96 17) BRUNO, Ernani Silva - op. cit., vol. 1, pág. 91 18) SAINT-HILAIRE, Auguste de -Viagem à Província de São Paulo, pág. 89 19) BRUNO, Ernani Silva - op. cit., vol. 1, págs. 93 e 94 20) BRUNO, Ernani Silva - op. cit., vol. 1, pág. 45 21) MORSE, Richard N. - São Paulo - Raízes Oitocentistas da Metrópoi - pág. 474 22) PRADO Jr., Caio - op. cit., pág. 229 23) PRADOJr.,Caio- Forrnação do Brasil Contemporâneo pág-61 24) Marzola, Nádia – História dos Bairros de São Paulo, volume 15- Prefeitura de São Paulo – Secretaria de Cultura – Dezembro de 1.979- página 34 |