As Mansões e
Palacetes da Avenida Paulista |
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No dia 8 de Dezembro de 1891, foi inaugurada Avenida
Paulista, que recebeu este nome em homenagem aos Paulistas e
Paulistanos. Durante muitos anos os Barões do Café residiram na Avenida
Paulista.
A Avenida Paulista foi projetada pelo engenheiro
uruguaio Joaquim Eugenio de Lima, que, juntamente com mais dois sócios,
adquiriu parte da Chácara do Capão, incluindo a área do Morro do
Caaguaçú. Essa área foi loteada, e a Paulista foi construída no alto do
espigão, a 900 metros do nível do mar.
Para a época, ela era algo nunca visto: muito larga, com três vias
separadas por magnólias e plátanos e com imensos lotes de cada lado. Foi
a primeira via pública asfaltada e arborizada de São Paulo. A primeira
fase da Avenida Paulista foi de 1891 (sua inauguração) até 1937. Aos
poucos, ela se transformou no centro de animação da cidade. Os ricos
senhores do café, os grandes comerciantes e os chefes das indústrias
construíram elegantes mansões nos lotes da avenida.
Lá, aconteceram corridas de charrete, de cabriolés e
dos primeiros automóveis e os grandes carnavais dos anos 20 e 30. No
final da década de 1920, seu nome foi alterado para Avenida Carlos de
Campos, em homenagem ao ex-governador do estado de São Paulo, mas o povo
não gostou, então o nome dela voltou a ser Avenida Paulista.
Como se pode perceber, a Avenida Paulista sempre sofreu transformações,
porém, apesar de tudo o que aconteceu, ela permanece com seu charme,
importancia para a cidade e para America Latina, sendo hoje Centro
Financeiro e Cultural do Brasil.
Nomes ilustres que fizeram a História da Cidade de
São Paulo residiram na Avenida Paulista, como Conde Francisco Matarazzo,
Von Bulow, Caio Prado, Numa de Oliveira, Horácio Sabino, Joaquim
Franco de Mello, Francisco Alberto Silva Pereira, Matarazzos,
Siciliano, Pinotti Gamba, Yolanda Penteado, Von Hardt, o Barão Vermelho,
Scarpa, Ramos de Azevedo, Cerqueira Cezar, Dumont´s Villares, Scurachio,
Andraus, Tomasellis, entre tantos outros.
Hoje em dia na Avenida Paulista só restam cinco Casarões que foram
tombados como patrimônio histórico da Cidade de São Paulo.
Estes casarões mostram um pouco da Bela Época da Elite Paulistana,
quando ancestrais de muitas familias atuais desembarcaram no Brasil
foram trabalhar nas residências dos Barões do
Café, do Comércio e Industria na Avenida Paulista.
Mas uma das transformações foi a perda de
mansões e palacetes, que ao longo do anos foram susbstituidos por
enormes edificios, estacionamentos, Shopping Centers, entre outras
ocupações.
Falar sobre estes casarões, requer
tambérm viver o que foi a avenida em sua história de palácios, barões,
condes, que se seguem abaixo: |

Av.
Paulista em 1898 |

Sentido
Paraiso-Consolação, em 1902 (ao fundo, pico do Jaraguá e a direita
mansão dos Matarazzos |

Sentido
Consolação-Paraiso, em 1907 |

Av. Paulista em
1910 |

Esquina da Rua Bela Cintra com a Avenida
Paulista olhando para o Paraíso. Foto de 1911 de Guilherme Gaensly |


Vista da Avenida sentido Paraíso a
partir da esplanada do Trianon, local onde hoje é o MASP.Foto de 1916


Vista do parque Trianon (no topo) sob a
Avenida 9 de Julho, local onde hoje é o MASP.Foto de 1940

Av. Paulista em
1916 |

Vista da esquina da Alameda Campinas ,
em 1920 |
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OS PALACETES E MANSÕES
Na época dos casarões a Avenida Paulista era
o local onde ocorriam os eventos sociais e esportivos, como a corrida de
automóveis. O Trianon era o parque ingles da cidade, frequentado pelos
moradores da avenida. Veja agora algumas fotos dos casarões, inclusive
de alguns que permanecem, e do Trianon antes do alargamento da avenida
(que ocorreu nos anos 60/70) e da construção do MASP. O escritório que
mais fez projetos para a avenida foi o escritório de
Ramos de Azevedo,
que construiu algumas das casas que mostramos abaixo.
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Familia Francisco
Alberto Pereira, em 1897 quando a Avenida Paulista ainda não era
pavimentada |

Avenida Paulista,
1009 -
O Palacete Numa de Oliveira, em
1916, projetado pelo engenheiro português Ricardo Severo, e considerado
um dos primeiros e mais importantes exemplares da arquitetura
residencial em estilo neocolonial. |



Esta mansão ainda está na Avenida
Paulista, 1919 entre as Ruas Padre João Manuel e Alameda Ministro Rocha
Azevedo, foi a residencia de Joaquim Franco de Mello e foi construída em
1905 – o responsável pela obra foi Antônio Fernandes Pinto.
O Casarão hoje em dia pertence aos
decendentes do Barão do Café Joaquim Franco de Mello
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Foto de 1921 da casa de Gabriela Dumont
Villares que ficava na Avenida Paulista entre a Rua Minas Gerais e a Rua
Augusta, projeto escritório Ramos de Azevedo |

Foto de 1915 de
outra casa projetada pelo escritório Ramos de Azevedo, que ficava na
esquina da Rua Haddock Lobo com a Avenida Paulista e pertencia a José
Cardoso de Almeida |
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Entre ruas Augusta e Peixoto Gomide |
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Residência Horácio
Sabino. Trecho entre as ruas Augusta e Peixoto Gomide.
Projeto do arquiteto Victor Dubugras. (1903). Demolido nos anos 50 para
construção do Conjunto Nacional |
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Mansão Baronesa de Arary, que ficava na Avenida
Paulista, 1745 (ao lado do Parque Siqueira Campos), onde foi construído
Edifício com o mesmo nome |


Ficava no trecho entre Peixoto Gomide
e Pamplona: |


Mansão Nagib
Salem de 1920 Entre a
Rua Pamplona e Al Joaquim Eugenio de Lima |
 
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Palacete Tomaseli
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A Casa das Rosas, que foi preservada num
acordo que a Prefeitura fez com o proprietário quando da construção do
prédio que fica no mesmo terreno, era a casa de Ernesto Dias de Castro e
também foi projeto do escritório Ramos de Azevedo – a construção data
de 1930 (foto superior) e as demais são mais atuais |
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Av. Paulista, 867 -
Palacete Abrão Andraus em 1896, depois passou a ser
casarão de Josephina Lotaif
nos Anos 30 |
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Foi a Maison Denner
nos Anos 60, depois foi ocupada por uma rede de Fast Food, e depois por
uma agencia bancária |
 
ver também: O Casarão da Vila Fortunata |
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Em 1971 um complexo
viário foi construido no final da Avenida, mas as mansões a direita
ainda sobreviveram |

Residencia de
Alberto de Paula S. Pereira em 1900 , antes da Avenida ser pavimentada |
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Fundado em 1903 o
instituto que está sediado na Avenida Paulista, número 393.O Instituto
Pasteur é uma entidade ligada à Secretaria da Saúde do Governo do Estado
de São Paulo |
 
Fundada em 1907, a
Escola Estadual Rodrigues Alves é a única escola pública da avenida
Paulista, no número 227 - Projeto de Ramos de Azevedo (Foto de 2008) |

Capela do Hospital
Santa Catarina que é uma entidade privada situada na avenida Paulista,
na cidade de São Paulo, SP, Brasil. Foi fundado em 1906
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Quando os
casarões foram destruídos pelos próprios Donos

A
Perda do casarão de Josephina Lotaif
O silêncio que pairava sobre a região da Paulista
naquele domingo foi interrompido por uma série de estrondos violentos.
Alguns moradores de edifícios próximos ficaram alarmados. Não chovia. No
céu, nenhum rastro de fumaça. De suas janelas, os vizinhos não puderam
identificar qualquer indício do ocorrido. Nenhum deles suspeitou das
escavadeiras que investiam contra dois dos mais antigos casarões da
avenida-símbolo da cidade. Os enormes braços mecânicos gastaram poucos
minutos para atacar a estrutura do imóvel no 283, na esquina da Rua
Teixeira da Silva. A poucos metros dali, no no 498, as máquinas
iniciaram a derrubada pelos fundos. Seus operadores sumiram em seguida,
deixando-as dormir em meio ao entulho e às paredes que não tiveram tempo
de alcançar. Eles voltariam. Haviam sido contratados pelos
proprietários, que queriam descaracterizar suas residências e, com isso,
impedir que fossem tombadas. Era 20 de junho de 1982, e um pedaço da
história de São Paulo desmoronava.
Os acontecimentos foram retratados pelos jornais como atos de barbárie,
mas a opinião pública não afetou os planos de outra família. Na
quarta-feira daquela mesma semana, o casarão de Josephina Lotaif
foi parcialmente derrubado por motoniveladoras, perto das 2h da manhã.
Conhecida como casa mourisca, ficava no no 867, próximo à Alameda
Joaquim Eugênio de Lima. Sua queda foi a que mais repercutiu. Já se
suspeitava de que a casa corria perigo, porque os Lotaif foram uma das
três famílias que se recusaram a receber a notificação da Secretaria de
Cultura, que, meses antes, informava sobre a possibilidade de tombamento
do imóvel.




“Defesa primitiva”
As demolições foram desencadeadas por uma declaração
do presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado
de São Paulo (Condephaat) na época, o arquiteto Ruy Ohtake.
Ele confirmou que corria um projeto de tombamento dos 31 casarões que
ainda existiam na avenida. Na época, a lei não previa indenização aos
proprietários. Com isso, eles teriam de encontrar compradores dispostos
a preservar as construções históricas – e a se sujeitar às limitações.
“Foi uma forma primitiva de salvar o patrimônio”, afirma Modesto
Carvalhosa, advogado que, anos mais tarde, teve participação ativa na
revisão da lei e presidiu o Condephaat entre 1984 e 1987. “Não é
justificável moralmente, mas economicamente, sim. O governo foi ingênuo.
Devia ter tombado antes e falado depois.”
Os eventos de 1982 estimularam a revisão das leis de
tombamento. Em 1984, o advogado Modesto Carvalhosa e o historiador
Benedito Lima de Toledo ajudaram a criar a Lei de Transferência de
Potencial Construtivo, que compensa o dono de um imóvel tombado. Ele
passa a ter o direito de vender as áreas não construídas do terreno,
onde o novo proprietário pode erguer um empreendimento moderno, desde
que se comprometa a arcar com os custos de preservação das edificações
de valor histórico. Ainda assim, duas outras casas foram demolidas
clandestinamente, na calada da noite: a do nº 1.079, em 1984, e a
Mansão Matarazzo, em 1996. |

A
Perda da Mansão Matarazzo
 
 
A Família
Matarazzo que residiu na Paulista da década de 1920 até os anos 1970. A
trajetória desta família está ligada ao desenvolvimento econômico do
Estado de São Paulo remetendo a cidade de Sorocaba, a primeira
residência de Francisco Matarazzo. Lá ele iniciou sua grande trajetória
e chegou a ser o maior empresário do nosso país. A decadência das
Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM) começou a ocorrer na
década de 1970.
 
A Mansão pertenceu a um dos maiores
industriais da América Latina, justamente o Conde Francisco Matarazzo
(1854-1937, nascido em Castellabate, Itália, como “Francesco Antonio
Maria Matarazzo”). Conta-se que a Mansão Matarazzo, então localizada no
nº 1230 (no cruzamento com a Rua Pamplona, do lado do bairro Bela Vista)
– e que cuja construção integral se deu entre 1896 e 1941 –, chegou a
ser em 1989 tombada pela Prefeitura na gestão de Luíza Erundina de
Souza, que curiosamente queria ali construir uma espécie de “Museu do
Trabalhador”, em oposição simbólica àquele espaço de glamour e refino da
elite industrial.
Na maior parte
da década de 1990 a mansão da família Matarazzo permaneceu fechada.
A prefeita Luiza Erundina, decidiu então de fato criar o Museu do
Trabalhador, pois o local era adequado, as salas eram espaçosas e o
local de fácil acesso.
Contudo, em 1996, num verdadeiro ataque brutal ao patrimônio histórico,
regido por leis e interesses não adequados, ocorreu aos olhos das
autoridades e da população paulistana, sem que nada pudessem fazer.
A célebre mansão da família Matarazzo foi dinamitada e sua demolição
tornou-se inevitável, já que toda a estrutura ficou abalada. Além do
patrimônio, enterrou-se ali parte da história da industria paulista e de
seus desbravadores imigrantes italianos.
O pedido de tombamento que tinha mais de 20 anos, foi oficialmente
cancelado, e o terreno foi transformado num enorme estacionamento que
funcionou por anos.
AS IMAGENS DA DESTRUIÇÃO:




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O QUE SOBROU E FOI MANTIDO PELO ESTACIONAMENTO:


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O famoso portão de
entrada da Mansão Matarazzo |
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Créditos/Agradecimentos:
Glaucia Garcia de Carvalho,
Léo Sécio,
Livro Avenida Paulista - A
síntese da metrópole,Antonio Soukef Jr.,
Ricardo Ferreira, livros "Album
Iconográfico da Avenida Paulista" e "O Palacete Paulistano", Everton
Calício, Patricia Cerqueira, Maria Simas Filho, Eli Mendes de Morais
(Saudades de Sampa), Gutooo, G.Brandão, Felipe Pontes, Luiz de Franco,
The Urban Earth, Folha de São Paulo, Revista Época, José Roberto Andrade
Amaral, Blogs, sampaonline.com.br, Google Street View e acervo pessoal
de fotos e imagens. |
Veja algumas construções que substituiram as mansões demolidas |
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